O ano de 2020 será o de maior investida no segmento residencial do empresário Emilio Kallas, que atua no mercado imobiliário há 36 anos. Diante da combinação de perspectiva de crescimento da economia, continuidade da recuperação do mercado imobiliário e estoque de 55 terrenos, o empresário projeta expansão para as duas incorporadoras fundadas por ele – a Kallas, com foco de atuação nas rendas média e alta, e a Kazzas, direcionada para a baixa renda. Elas devem apresentar, cada uma, Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 1 bilhão, a maior parte na cidade de São Paulo.
Neste ano, a Kallas lançou R$ 800 milhões, e a Kazzas, apresentou VGV de R$ 200 milhões.
A cisão da Kazzas da empresa que leva o nome da família ocorreu em 2016, mas 2019 foi o primeiro ano em que a incorporadora de baixa renda atuou, de fato, como uma empresa separada da Kallas. Inicialmente, havia planejamento de abrir capital da Kazzas neste ano, mas o prazo foi postergado para 2020. “Na nossa análise interna, a Kazzas tem valor de R$ 3,2 bilhões. Faríamos uma oferta secundária de R$ 1 bilhão, para a qual tínhamos sinalização de ancoragem de R$ 700 milhões”, conta Kallas.
Na avaliação do fundador, será possível obter melhor precificação da Kazzas, no próximo ano, considerando-se o cenário de juros em queda, o esperado crescimento da economia e o aumento de lançamentos da empresa. “A equipe econômica é fantástica. Só vejo o Brasil melhorando”, diz o empresário. Ele acrescenta que, em 2020, Raphael Kallas, seu filho mais novo e responsável pela Kazzas, estará de volta a São Paulo de MBA na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).
A Kazzas atua nas faixas 2 e 3 do programa Minha Casa, Minha Vida, segmento em que o processo de compra de terrenos é mais fácil, segundo Kallas, do que no de média e alta renda.
O empresário ressalta que, devido à redução dos juros, parte dos clientes da Kazzas podem ser financiados com recursos da poupança, em vez de ter crédito somente com “funding” do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A Kazzas tem acordos de financiamento com a Caixa Econômica Federal e com o Banco do Brasil, além de promessa de parceria com com o Bradesco.
Na Kallas, pela qual Thiago Kallas, filho mais velho de Emilio é responsável, a possibilidade de abertura de capital está atrelada a mudanças no Plano Diretor da Cidade de São Paulo, de acordo com o empresário.
“Hoje, não é possível ter um ritmo de trabalho no segmento”, diz o empresário, que considera a produção imobiliária para as rendas média e alta mais difícil após a entrada em vigor da nova legislação.
A Kallas tem parcerias com sócios em projetos. O acordo mais recente foi fechado com a Hines, uma semana atrás, para dois empreendimentos a serem desenvolvidos na zona Oeste de São Paulo, com VGV total de R$ 180 milhões. A Hines terá 70% de participação nos projetos, e a Kallas, os demais 30%. Os aportes conjuntos vão somar R$ 142 milhões.
Em um dos projetos com a Hines serão desenvolvidos studios e no outro, apartamentos de 50 metros quadrados e 70 metros quadrados, além de flats e lojas. Esses dois tipos de imóveis, não residenciais, ficarão em sua totalidade com a Kallas, que estuda a possibilidade ter uma empresa de propriedades com renda.
A parceria foi intermediada pela gestora de investimentos em projetos Kallas Asset Management (KAM). A incorporadora tem joint ventures de projetos também com a RBR Asset Management com a Paladin e com a Península Investimentos, asset sediada no Uruguai com foco em mercado imobiliário.
Há um ano, o mercado imobiliário voltado para as rendas média e alta passou a apresentar forte expansão, movimento reforçado à medida que as taxas de juros são reduzidas e os bancos se mostram mais agressivos na concessão de financiamentos imobiliários.